O grande problema de sempre ser dependente do outro para se sentir feliz
Por muito tempo, ou melhor, por
toda minha vida, relacionar-me com os outros foi uma questão muito complicada.
Para que o texto não vire uma enorme confusão vou me focar nos relacionamentos
amorosos e deixar as questões de amizades e familiares para outro momento.
Quando penso na palavra amor o
que me vem à mente é a conexão mais forte e intensa que pode existir entre duas
pessoas (ou mais). E abençoados são aqueles que encontraram esse sentimento tão
puro. Sempre tive a ideia de que eu poderia viver solteiro
por anos, mas nunca iria começar uma relação apenas para me sentir bem comigo
mesmo.
Nunca quis nada que não fosse intenso e grandioso. E sempre fui assim. Inicialmente
um rostinho bonito pode até me atrair, mas com toda a certeza não é o que me
mantém conectado a alguém. O envolvimento sempre foi o mais importante para
mim. Não aceito nada superficial. Se for para se envolver, que seja “infinito
enquanto dure”. Essa é a minha maneira de encarar os relacionamentos. Não sei se é a
correta ou até se existe uma maneira correta, apenas é a minha.
Contudo, passar por
enormes sofrimentos na juventude e não poder expressar e desenvolver minha
sexualidade como qualquer outro jovem criou entraves e barreiras que até hoje
luto para conseguir compreender e superar.
Com os anos eu vi um
jovem romântico se transformar cada vez mais em uma pessoa isolada e com medo
de se envolver. Na minha adolescência quando eu não era assumido, eu tinha aquela
ideia de que encontraria alguém que me ajudaria a passar por todo o sofrimento.
Que me apoiaria. E quando tudo estivesse ruim, ao fechar os olhos, eu pensaria
nele e então o mundo se tornaria um lugar mais suportável.

E depois a situação ainda piorou,
porque quando percebi que tinha essa “dependência pelo outro” comecei a evitar a
me relacionar. Amava amar, mas não queria ser dependente de ninguém. Isso me
assustava muito. Passei messes (e até anos) sem me envolver emocionalmente com
ninguém. Amar virara sinônimo de vício para mim. E eu não queria isso. Precisei
de tempo e de alguns relacionamentos frustrados, para conseguir alcançar alguma
paz de espírito e felicidade por conta própria.
Recentemente, passei
por uma situação que foi um dos meus maiores ensinamentos. Comecei a sair com
um rapaz. Vou chamá-lo de Eric. Ele era um cara super simpático, inteligente e
muito bondoso. Não demorou muito e ele conseguiu ultrapassar todas as barreiras
que eu sempre construía envolta de mim. (E olha que isso é algo bem difícil de
acontecer). Dessa vez me permiti envolver. A relação, mesmo que muito recente,
tinha tudo para sair da superficialidade.
Mas relacionamentos
são complicados e acabamos não seguindo por esse caminho. Eric está passando
por uma fase muito confusa pelo qual todos nos passamos ou vamos passar um dia.
A questão da sexualidade ainda é muito recente para ele. Eu fui o primeiro cara
com quem ele marcou um encontro. (Aquele dia no barzinho foi tão divertido).
Envolver ainda o assustava mais do que acontecia comigo. E por causa
disso acabamos nos afastando.
No início, eu entendi
os motivos dele. E deixamos bem claro que não queríamos que ficasse um clima de
despedida entre a gente. Aquele só não era o momento certo. O engraçado é que
eu sempre quis passar por meus problemas com alguém me apoiando e ele preferia
ficar sozinho.

A semana anterior da
criação do blog foi uma das mais depressivas da minha vida. Eu não conseguia
ver a felicidade em nada. Só conseguia pensar que era pessoa mais solitária do
mundo e que seria impossível me relacionar com alguém. Nunca daria certo.
Eu sabia que não
podia deixar me abalar. Tinha que mudar de pensamento, ocupar minha mente e
seguir com minha vida. Foi difícil, muitas vezes queria ligar para o Eric e
contar como estava sofrendo. Não pelo afastamento dele, mas por simplesmente
ser infeliz.
E essa situação é
antiga. Já tinha passado por essa dependência outras
vezes. Era o momento de superar e dar um basta nisso
"31 de dezembro
de 2015:
Todo meu grande medo
da solidão tem origem na minha insegurança. Não posso esperar que outros me
deem a paz e segurança se eu mesmo não as possuo de início.
Tenho amigos
incríveis e maravilhosos, mas isso não foi suficiente para me impedir de chorar
no chão do banheiro pelo abandono do Bernardo (isso ocorreu há um ano
quando estava fazendo uma viagem com meus amigos. Bernardo foi um garoto com quem me envolvi em 2014).
Contudo mesmo que eu
tivesse o Bernardo do meu lado, eu ainda não seria totalmente feliz. Talvez
tivesse momentos de felicidade e assim ficaria dependente da presença dele.
Quando então estivesse longe (física e principalmente longe emocionalmente)
toda a solidão escondida dentro de mim iria me dominar novamente."
Consegui controlar
minha necessidade de apego. Não criei expectativa. Não esperei nada do Eric,
apenas uma amizade. Consegui não ficar dependente do outro. Comecei a enxergar
a felicidade em mim mesmo. Passei a enxergar meus problemas com outra
perspectiva. Não quis me afastar do Eric e hoje continuamos amigos. Se amanhã
teremos algo, não me importo. O que me importa é ser feliz hoje. E que ele
consiga paz também.
Talvez se tivesse
dado certo com o Eric, eu iria continuar sendo dependente de alguém. Não ia
conseguir suportar sofrimento nenhum sozinho e sabe-se lá por quantos anos eu
iria continuar desta maneira. No momento que eu não deixei me abater e suportei
o sofrimento, percebi o quanto era forte. Percebi como o amor-próprio trazia
uma paz de espírito muito maior que qualquer pílula ou atenção de alguém
poderia proporcionar.
Eu tinha tudo para
repetir o mesmo sofrimento que passei com o Bernardo há um ano atrás. Mas dessa
vez foi diferente. Eu estou diferente. Eu mudei. Antes eu tinha medo de me
envolver e de acabar sofrendo por causa disso. Por muito tempo evitei ter essa
conexão com alguém, mas no fundo sofria por causa disso. Fugia para não sofrer.
Sofria porque fugia.
Por toda a minha vida
eu esperei por alguém que pudesse me apoiar, como se eu não fosse forte o
bastante para suportar as dores da vida. Dessa vez resolvi não fugir. Me
afastar do Eric assim como fiz com o Bernardo só me traria mais tristeza. Foi
nesse instante em que busquei meu amor-próprio que uma felicidade imensa me
envolveu. Não sei como detalhar isso com palavras. Eu era capaz de suportar o
afastamento do Eric e continuar amigo dele sem depender da presença dele para
ser feliz. A partir deste momento eu percebi o quanto era feliz."
Não sei se alguém lê meus textos hahah O blog é muito recente e ainda não sei como
divulgá-lo melhor. Apenas escrevo para desabafar. Caso alguém tenha lido,
possuo algumas questões que gostaria de saber: vocês já passaram pela situação de depender do outro para ser felizes? Como
lidaram com o isso? Como lidam com o término de relacionamento? Se afastam da pessoa
ou conseguem manter um contato saudável ou até uma amizade?